Falo-te de amor. Sim, essa terra estranha. Tenho-o entranhado no meu olhar sobre o mundo, sobre as pessoas, sobre ti. Amo poucas pessoas, algumas mais do que outras. Mas, não me lixem, amar algumas pessoas chega-me. O meu mundo é pequeno e fica repleto depressa. Alguém tem de amar as que não amo. Não que me gaste, não que se gaste o amor amando mais gente. Sabemos que não é assim. Ambos reinventamos a possibilidade de (nunca) estar repletos uma e outra vez, cândidos. Mas saber que existe o amar perdidamente, que é querer tudo e aceitar tudo, torna-me cada vez mais incompetente até para amar estes poucos, como te amo a ti. Também já destilámos juntos, à luz do Jarrett, os nossos amores pelos outros. Já nos cerzimos de (des)entendimento, sentados entre o Coltrane e o Rollins, sobre se vale a pena. E, tu sabes, nós sabemos, também pela mão um do outro, que não podemos adiar o amor para outro século after having “faced each dawn with sleepless eyes”.
Para E.
Texto de F.
* Entre as muitas versões, F. escolheu a de Dinah Washington (4:06) in ‘For Those in Love’
No entanto, gosto (e F. também) de quase todas as outras, particularmente as de:
Art Blakey (6:58) in 'Art Blakey and the Jazz Messengers'
John Coltrane (5:16) in 'Coltrane for Lovers'
Sonny Rollins (6:28 ) In 'Saxophone Colossus'
2 comments:
Tu vais-me ensinando... o que é o amor. Claro. Obrigada.
CERZIR, é a palavra. E o texto, um texto que gostaria de ter escrito. Pelos laços que com ele estabeleci. Boas afinidades.
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