Já ia a caminho da cama, quando voltei para trás. Não sei se foi ela ou antes Billie que me terá chamado. Voltei e deitei-me, como fazia sempre que lhe passava pela porta. Namorávamos, mas na verdade apenas nos encontrávamos na cama. Se calhar namorávamo-nos verdadeiramente.
Agora chamaste-me e eu voltei àquela cama da Paiva Couceiro. Agora que até o calor ajuda o teu quarto voltou a deitar-se por baixo de mim. Aguardava-te como sempre e tu chegavas como sempre, direitinha para cima do teu quarto e eu em baixo à tua espera. Demorávamo-nos e tu chegavas e eu aparecia também em sincronia com o calor daquele tempo.
Regressava a casa de madrugada, lenta e invariavelmente com a Billie Holiday em cassete roufenha, mas suficiente para depois destes anos todos ainda me tocar.
Sabes? Não soube mais de ti, nem do teu quarto. Há dias fui à Paiva Couceiro e recusei-me a procurar-te o prédio, o andar, as varandas. Foi receio de voltar a ver o teu quarto.
Sabes? Não soube mais de ti, nem do teu quarto. Há dias fui à Paiva Couceiro e recusei-me a procurar-te o prédio, o andar, as varandas. Foi receio de voltar a ver o teu quarto.
Texto de [JOS]
*Billie Holiday (3:26) in 'Lady in Satin'
2 comments:
Gostei... e claro que vou voltar. Gosto muito de Jazz, ou melhor, gosto muito de música. às vezes aparecem por aí umas coisas parecidas, disso não gosto...
Um abraço, Elisa.
Cecília
Eu é que gostei da visita. Volta sempre. Sim?
Bjo
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