7/14/2005

A Love Supreme (Part 3 - Pursuance)*


Talvez se ele lhe tivesse tomado a mão, naquela tarde cheia de pedras. Talvez ela procurasse uma razão para o silêncio. Para os momentos. Para a eternidade.
Ela continuou a sentir a falta daquela pele. Talvez não fosse mais que o desejo daquela pele. Não de outra. Só daquela. A dele. Continuou sempre a começar. Olhando para além das pedras e da mão dele que naquela tarde não pegou na sua. As saudades da pele dela, nele, também iam acontecendo. Talvez. Desencontradas. Às vezes. Outras não falavam mais que aquilo. Talvez não fosse preciso. Pensava ela. Ela dizia-lhe: ‘gosto das tuas mãos’. Ele respondia: ‘ gosto da tua pele’. Talvez ambos apenas insistissem na raridade do modo como a pele deles conversava. Continuou. A começar. A gostar dele. Mas...


(to be continued...)

* John Coltrane (Partes 3 e 4 - 17:50 ) in 'A Love Supreme'

1 comment:

Dinamene said...

Houve mar, e vento e pedras... desce-se ao essencial.
Há mãos, umas mãos.
E há a pele, a(s) marca(s) na pele... porque colher a flor no exacto momento é impossível. É-se já pretérito.
Mas...