6/29/2005
The Köln Concert - Part I*
Ali estavas tu. Vinte seis minutos e quatro segundos de ti. O amor é uma coisa rara. Dizias-me. Amavas-me. Amaste-me. Vinte seis minutos e quatro segundos. Coisa rara. O amor. O teu amor. O meu amor. O nosso amor. A primeira vez que. Vimos. Os olhos. Os teus olhos entraram por mim adentro. E nunca me aconteceu. Nunca. Antes. Nunca. Mais. Olhar. Uns olhos. E ver-me. Foste um dos meus lugares felizes. Não se pode. Voltar. Dizias. Me. Anos depois. Estava sol e não via os teus olhos. Os meus olhos. Não se pode voltar. Aos lugares. Onde já fomos. Assim. Tão felizes. Aos corpos. À pele. À cabeça. À vida. Àquele morrer de amor. Amavas. Me. Nunca ninguém voltou. A amar. Me. Assim. Nunca voltei a amar. Assim. Vinte seis minutos e quatro segundos. A pele a desfazer-se. A boca a desfazer-se. Os olhos. A curva imperfeita do teu nariz. Lugar feliz. A curva. Do teu. Nariz. Amei. Te. A cor. O sabor. Lembrar. Te. A mensagem. Dizias. Me. O tempo. Passou o tempo. És a pessoa. Que. Mais. Amo. Não amei. Amo. Dizias. Lugares felizes. Onde. Não voltamos. Mal.Me.Queres. Amarelos. Nunca houve um dia. Teu. Sem. O amarelo. Dos malmequeres. Ramos. Grandes. Pequenissimos. Um só. Não vieste nunca. Amar-me. Sem. Um. Mal.Me.Quer. Os dois últimos. Malmequeres. Vinte seis minutos e quatro segundos de água. Vinte seis minutos e quatro segundos. Matar a sede. Livrar-nos. Do Mal. Me. Quer. A voz. Adormecer. Cantando. Ouvindo. Poemas. Continuo a viajar pelos sentidos. O amor é. Uma coisa. Rara. Não voltaremos. Aos olhos. Um do Outro. Aos lugares. Do corpo. Onde. Fomos. Felizes. 'A teu favor'. Sabes. Ainda. 'Tens. O verde. Secreto. Dos meus olhos'.
* Keith Jarrett (26:04) in 'The Köln Concert'
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10 comments:
«Sacudo-me do sono e me levanto,
depois subo ao telhado, ouvido à escuta.
É então como se ao soprar do Austro
um campo se incendeia ou a torrente
que dos montes desaba tudo arrasta,
as ridentes searas, os trabalhos
que fizeram os bois, os grandes troncos;
o pastor, assustado, que isto ouviu,
fica como pregado numa rocha.»
Virgílio, Eneida
E agora, de castigo, ensinas-me a mim!
....já não tenho lume....nem malmequeres nem teclas de luz. de cada vez que tento tocar-te tu abres os olhos contra a parede e soltas dós em stacatto....e eu fujo. o lume rareia sempre que abres as mãos para soltar amarras de ouro e poeiras lunares...
I.
Diga-me... porque é que eu gosto tanto de si? E tem lume sim. E malmequeres e teclas de luz e tudo isso. Mais que eu. Mais que a maior parte de nós.
C.
Ensino, se bem que ainda não tenha percebido lá muito bem. Alguém me ensinou... Pusemos só este bocadinho porque foi o que foi mais fácil... eu gostava que estivesse a música toda, mas... isso é um pouco mais complexo.
謝謝, 我的心臟。
que é isso?
excutior somno et summi fastigia tecti
ascensu supero atque arrectis auribus asto:
in segetem ueluti cum flamma furentibus Austris
incidit, aut rapidus montano flumine torrens
sternit agros, sternit sata laeta boumque labores
praecipitisque trahit siluas; stupet inscius alto
accipiens sonitum saxi de uertice pastor.
- "Aeneis", Liber Secundus, 302 - 308
_________________________________
Quem traduziu, C.S.A.?
Acho que o(a) tradutor(a) mereceria menção.
__
DC
Caríssimo Deniz
Vem a Gerência crescentemente embriagada de jazz e não de guiness (embora, por vezes, tal possa ocorrer em simultâneo)
respeitosamente solicitar-lhe que se digne a resolver as suas dúvidas metódicas, existenciais e as demais, em sede própria.
Cumprimentos
(assinaturas ilegíveis)
Não desisto de pensar que C.S.A. - et pour cause! - será dos primeiros a reconhecer, senão exigir, a pertinência de menção pública à autoria das traduções.
No caso, e a meu ver, estamos perante tradução de boa qualidade.
Respeitosos e insurrectos cumprimentos à Gerência.
__
DC
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