10/24/2005
Don't Let The Sun Catch You Cryin' *
Praga, Jardim, na Ilha de Kampa, 2/9/2005
Finge. Finge que és verde. Finge. Que és de pedra. Não passaste todos estes anos a aprender como se faz? Fingir. Agora já sabes. És verde. És de pedra. Não sentes nada. Como a pedra. O sol apanha-te a curva das orelhas. Ilumina o teu pequeno sinal no nariz. O sol apanha-te. Finge. Que és de pedra. Não sentes. O sol apanha-te a curva das ancas. Os braços. A coluna. E não vergas. És de pedra. Não sentes. Não choras. Finge que não choras. Que o sol jamais te apanhará uma lágrima verde. Só a curva da cintura. Só os fios de pedra dos cabelos. Não olhes para trás. Porque. Já és de pedra. Não chores. De nada adianta. Apanha o sol. Olha em frente. Sossega. Mente. Esquece.
Shirley Horn (5:58) in 'You Won't Forget Me'
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11 comments:
Excelente escolha.
Ora essa :-) Mas também acho, claro.
e vale sempre achar...não é?
hum?
Gostei muito do texto, Elisa, do texto e do todo (o tema musical, a imagem, as palavras)!
… e dizermo-nos todas as mentiras q.b. até conquistarmos esse sossego, esse swing íntimo do «never more…», um ser pedra q.b. num jardim de sol.
margem
Margem! Ora viva!
Exactamente... e 'eu sei que tu compreendes bem'.
Quando vamos ao café?
as palavras, minhas, são gumes às vezes ou outras coisas também (Eugénio de Andrade explica melhor isso, não é?). anyway as pessoas nunca poderiam ser pássaros (só se deisassem de ser pessoas).
margem
(p.s. - café: 'e-mailo-te' a dizer alguma coisa, ok?)
Faz favor. Aguardo. Era bom se pudessemos deixar de ser pessoas, para ser outra coisa qualquer. Talvez pássaros. Não ligues. Ando cinzenta como os dias de inverno.
Estatuas somos muitos...de pedra aguns,mas mentir, mentimos todos a céu aberto, haja sol, haja chuva, não interessa... mentimos. Pronto!
César
num certo sentido, creio que tens razão. Mas acontece que eu raramente minto, aos outros.
Um beijo
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