12/04/2005

Last Train Home*









Henri Cartier Bresson Roumanie, 1975


Apanhamos um comboio. Tomamos o nosso lugar. De repente nascem todas as possibilidades. Até à estação pouco a pouco. À medida e na velocidade a que se devora a terra, tudo pode ser. O que não é. Ou que é. Ou será. É o mesmo. Apanhamos o comboio. O mesmo. Ou outro. Tanto faz. E de repente tudo deixou de ser. Ou poder ser. Não é, não será. Nunca pareceu ser. Nunca foi. A terra devorou a velocidade. A terra aniquilou toda a urgência. Mesmo se pouca. Era possível. Deixamos lábios. E olhos. E mãos. Abertos e vazios. Sem nada. Deixamos atrás da terra as gotas da chuva na urgência de alguém. Apanhamos o comboio. E a terra molhada não parou de se comprimir atrás de nós. Até não respirar. Até reter toda a água. Toda a terra. Toda a possibilidade. Todo o ser. Toda a urgência. Até reter tudo. Até morrer. Na estação.

* Pat Metheny (4:35) in 'One Quiet Night'

2 comments:

Zé Leonel said...

E eu morri!!!!!!!!

Elisa said...


Nesse caso, RIP.