12/11/2006

Trista*















Maya Kulenovic - Death Mask

À morte pertencemos. Desde sempre. Somos todos da raça dos mortos, disse Ruy Belo.
Devíamos viver por camadas. É o que me dizes. Para escapar à morte. A essa morte que nos custa mais. A morte dos outros. A morte sem máscaras. Ou explicação. A morte crua. A profunda escuridão. Devíamos viver por camadas. Aqueles que se conhecessem, se falassem ou se amassem morreriam todos juntos. De uma vez só. Seria mais humana. Essa ausência do vazio que enche tudo quando nos morre alguém que amamos. Porque o que nos custa, o que nos entranha esta tristeza insustentável, não é pertencemos nós à morte. Mas é ficarmos vivos, carregando a morte dos outros.

* Tomasz Stanko Quartet (4:44) in 'Lontano'

4 comments:

Anonymous said...

Ora aqui está um blog feminino e um pensamento mesmo feminino.
Se perguntasse a um homem, julgo que ele não perderia um minuto de vida a acompanhar uma mulher que amasse na morte. Pensaria, e na maioria das vezes seria verdade, que sempre ficava o futebol, a cerveja, os blog, o café da manhã, a conversa com outra mulher, os livros, a música, o sexo, as cidades ou países para conhecer,...

Elisa, a propósito ou a despropósito, já ouvi boa música neste blog e gosto da poetisa que está em si (neste e no outro blog).

Elisa said...

Obrigada henedina... a música aqui é sempre boa, acho eu. Pelo menos para mim a música que aqui ponho é excepcional... mas sou suspeita, dado que praticamente não ouço mais nada que não jazz e tenho o ouvido muito pouco atento a outras coisas em matéria musical.

Quanto ao resto, creio que não será tanto assim... aliás foi um homem que me disse que devíamos morrer todos juntos, com a nossa 'camada'. Há homens e homens, mulheres e mulheres... bom, pessoas e pessoas e naturalmente muitas (felizmente) maneiras de ver e sentir a morte, como tudo o mais.

tempo said...

Elisa

aprecio o Jazz e apreciei ter-te encontrado.
além de um bom jazz...imagem ...texto rápido que gostei muito.

cordda

Elisa said...

Muito obrigada Cordda e volta sempre.