11/21/2005
Solitaire*
E. Munch - Puberty
Estamos sempre sozinhos, não é? E nus, não é? Por mais que enfeitemos o corpo e os dias com vestes e artes de disfarce. Estamos sempre sozinhos, não é? Padecendo dessa solidão assustada que responde à pergunta que nem sempre formulamos alto, mas que nos acompanha os ossos e a carne e os gestos: quem sou eu? Mesmo vestidos do que queremos ser, somos sempre nós, sozinhos, assustados, frágeis, pobres, evidentes e nus!
* Uri Caine (5:22) in 'Solitaire'
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13 comments:
Elisa,
Continuo a adorar a qualidade da sua escrita e o bom gosto das suas escutas.
Parabéns, mais uma vez.
Pelos seus últimos textos, denoto uma certa tristeza na escrita, da qual facilmente se deduz (bem ou mal) ser espelho duma tristeza maior.
Lanço daqui um carinho especial.
C.
Casimiro, obrigada.
A tristeza é um estado passageiro, tal como o seu oposto, aliás. Mas não se preocupe, padeci sempre desta espécie de melancolia estrutural. É um pouco tarde para me livrar dela. Mas tenho os meus momentos.
E.
Só espero que não tenha sido mais um terramoto a provocar a ruina do "Pilar"...
Mas, porque quem lê também se deve manifestar de vez em quando( no caso, de ano a ano ), é sempre agradável constatar a elegância e o bom gosto da escrita e das escutas. Inconformadas.
N.
N. Olá... pois bem, sei lá. Há diversos tipos de terramotos. Talvez tenha sido um deles a provocar a ruína do Pilar, talvez só o cansaço. Sei lá. Manifesta-te quando te apetecer. E obrigada.
Aterrei aqui por acaso.Mesmo por acaso.Já não te deves lembrar de mim, como é natural, mas já tivemos longas discussões nocturnas sobre jazz, sobre clássicos do cinema.Já foi há mais de dois anos. Entrei aqui pelo jazz e reencontrei-te a ti.Quem diria? Estou a passar os olhos pelo teu blog e senti-me logo em casa.Jazz, sempre.Vi o teu blog e pensei...não sei se pensei, fiquei apenas deliciado.
Convido-te a visitares os meus:http://dancamosnomundo.blogspot.com e http://pazehumor.blogspot.com e ainda um outro de música para o qual escrevo http:musicanoar.blogspot.com.
Se ainda te lembrares de mim, fica feito o convite. Eu vou perder-me por aqui... :)
Beijos
Bruno
Olá Bruno
Caramba, que isto às vezes parece uma versão um pouco mais sofisticada do Ponto de Encontro! Acho que sei quem és. Coltrane, certo? Lembro-me sim, como não me lembrar?
Visitarei esses sítios. E tu continua a visitar este, se fazes favor.
Olá Elisa
Afirmativo. Sou eu mesmo. Parabens pela excelente memória. Vais-me desculpar, mas não é por favor que estou aqui. É mesmo por...puro prazer... :) Já agora, que tal um pouco de Oliver Nelson ? Aprovas a escolha? A mim parece-me óptima. Ou então, Keith Jarrett in the «Koln Concert». Estou indeciso... :)
Ciao e mais uma vez parabéns pelo espantoso blog que construiste.
Ora viva, Bruno. Tenho de facto, como costumo dizer, para o bem e para o mal, uma excelente memória. Ok ao oliver nelson. pensarei nisso. Quanto ao Jarrett vai ao primeiro post. Tens a minha parte preferida do Köln Cobcert (a 1ª).
Espantoso é exagero. Mas agradeço. Dá-me gozo, é verdade.
Até mais. Aparece.
Munch! depois, “somos sempre nós, sozinhos, assustados, frágeis, pobres, evidentes e nus!”
estamos sempre sós, sim – penso que era Sartre quem via nessa condição a essência da nossa humanidade no que ela teria de livre, responsável, angustiante e trágica – daí, talvez, a coragem de palavras como as de um teu post anterior: «Eu vou serpentear pelas montanhas quietas.»
margem
Uri Caine - desconhecia completamente; só ouvi falar dele aquando do anúncio do seu concerto no Aveirense, que não vi (foste?); entretanto, tenho ouvido alguma coisa, tentado conhecer, nomeadamente, este "Solitaire".
margem
Margem, fui sim, claro... como poderia não ir? Aliás, essa semana que o Uri Caine esteve em Aveiro foi bestial, no que aos concertos de jazz na região centro diz respeito. Primeiro ele, depois o Binney e a seguir o Texier, o romano e o Sclavis. O que é que uma mulher pode querer mais?
Eu começaria exactamente por este 'Solitaire'.
pois, comecei pelo "Solitaire" e "The Philadelphia Experiment"... já "Bedrock" e "Dark Flame" me soaram menos apelativos (penso que são dois trabalhos já naquela onda da improvisação sobre temas da música erudita, mas posso estar enganada - só ouvi uma vez e sabes que jazz não é o 'meu forte')
margem
Por aqui Passei e fiquei,
a minha casa te tornei
como e bebo o que me das
e jamais voltarei atras.
Daqui não saio,
porque o mundo aqui tenho.
Ficarei a tua espera
por que sei que aqui te tenho.
Cesar
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