12/15/2005

The Christmas Song*














Pablo Picasso - Paz na Terra


Feliz Natal!!

* respectivamente:
1) Mel Torme (2:45) in 'The Very Best of Christmas Jazz'
2) Carmen McRae (3:55) in 'Jazz Christmas'
3) Nat King Cole (3:10 ) in 'The Christmas Song'

12/12/2005

Whatever Lola Wants*














Budapeste, 2005

Quero o teu coração. Quero a tua alma. Quero-te todo. E não me digas que não sou capaz. Porque serei sempre capaz de te ter. Até mesmo de te reduzir a um artifício. Ao fogo que explodirá. Quando e como eu quiser. E se eu quiser. Sou irresistivel. Para ti. Não tens como fugir do artifício. Do fogo. Estás preso na noite. Como eu. Mas eu sou uma mulher. Não há artifício maior.

*Carmen McRae (3:00) in 'Carmen McRae's Finest Hour'

12/05/2005

I Put a Spell on You*













Houve um tempo em que eu era capaz de mexer na luz. Agora abro os olhos e nunca encontro nada. Há esta escuridão. Que invadiu tudo. Houve um tempo em que, mesmo sem te tocar, te desfazias na luz. Eras a ideia. A casa. A pessoa. O lugar. O nome. Para as coisas. Para a vida. Estavas nas minhas mãos. Como eu nas tuas. Abertas sempre. Houve um tempo em que acendias a luz. Só para ver se eu ainda estava lá. Confirmavas-me. Houve um tempo em que pusemos feitiços nas mãos um do outro. Depois apagámos a luz. Guardámos a magia nos bolsos. E esquecemo-nos. E eu. Há dias destes. E eu. Não sei ainda o que faço aqui. Com esta luz nas mãos. Sem as tuas.

* Nina Simone (2:38) in 'Nina Simone's Finest Hour'

12/04/2005

Last Train Home*









Henri Cartier Bresson Roumanie, 1975


Apanhamos um comboio. Tomamos o nosso lugar. De repente nascem todas as possibilidades. Até à estação pouco a pouco. À medida e na velocidade a que se devora a terra, tudo pode ser. O que não é. Ou que é. Ou será. É o mesmo. Apanhamos o comboio. O mesmo. Ou outro. Tanto faz. E de repente tudo deixou de ser. Ou poder ser. Não é, não será. Nunca pareceu ser. Nunca foi. A terra devorou a velocidade. A terra aniquilou toda a urgência. Mesmo se pouca. Era possível. Deixamos lábios. E olhos. E mãos. Abertos e vazios. Sem nada. Deixamos atrás da terra as gotas da chuva na urgência de alguém. Apanhamos o comboio. E a terra molhada não parou de se comprimir atrás de nós. Até não respirar. Até reter toda a água. Toda a terra. Toda a possibilidade. Todo o ser. Toda a urgência. Até reter tudo. Até morrer. Na estação.

* Pat Metheny (4:35) in 'One Quiet Night'